Centrais sindicais e entidades de aposentados, também voltou a participar ontem de mobilização na Câmara a favor do projeto de lei que acaba com o fator - fórmula usada para a definição do
valor da aposentadoria e que leva em conta o tempo de contribuição, a idade da pessoa e a expectativa de vida da população. Estima-se que essa sistemática gera até 40% de perdas ao trabalhador, em relação ao que ele pagou de contribuição.

A vigília dos representantes da categoria no Congresso deve continuar hoje, quando se esperava que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT), colocasse em votação a proposta. No entanto, isso dependia de acordo com as lideranças partidárias (inclusive da base do governo), que não foi alcançado ontem. O problema é a negociação com o Executivo, que resiste em concordar com o fim do fator e com o regime 85/95 (que também consta no projeto), por meio do qual há a concessão do benefício integral
quando a soma de idade e tempo de contribuição chegam a 95 anos, no caso do homem, e de 85, para a mulher.

Também hoje haverá audiência pública no Senado para debater sobre a atual fórmula de cálculo e sobre o índice de aumentos dos aposentados que recebem acima de um salário-mínimo. "Neste ano, não tivemos reajuste, só a reposição da inflação", afirmou o secretário-geral da Cobap (Confederação Brasileira
dos Aposentados e Pensionistas), Luís Legnani. Um exemplo de perda de poder aquisitivo, por causa do fator e também da baixa correção dos benefícios: Nelson Semensato, 81 anos, que é diretor da Associação dos Aposentados do ABC, se aposentou em 1991 depois de 38 anos de contribuição comprovada. "Pagava sobre cinco salários e, como era autônomo, recolhia mais cinco (por mês); me aposentaram com 4,2 salários, e hoje ganho R$ 1.178, que é menos de dois", afirma.

Fonte: Diário do Grande ABC