Em entrevista para jornalistas e blogueiros na quinta-feira (29/1) o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República, afirmou que governo e movimentos sociais têm o desafio de mostrar maturidade no relacionamento alcançado ao longo dos anos e, que haverá negociações, em torno das medidas de aperto fiscal, mudanças no acesso a direitos sociais, aumento de juros e de tributos.

Ele afirmou que faz parte do movimento democrático conviver harmonicamente sem a necessidade de existir sempre concordância. E que este é um desafio que precisa ser travado com maturidade. “Conviver não significa concordar com tudo. Precisamos ter a compreensão disso e capacidade para conviver com opiniões distintas. Representa maturidade do diálogo que tem sido construído nos últimos anos”, acentuou.

A fala do ministro foi uma resposta a questionamentos feitos pelos blogueiros sobre insatisfações dos movimentos sociais e sindical com esse início de governo. A frustração vai desde a montagem da equipe ministerial a mudanças em benefícios como seguro-desemprego, pensão por morte, abono salarial e seguro-defeso (para pescadores).

Disse que tem nova reunião com as centrais sindicais na próxima terça-feira (3/), em São Paulo, para tratar do assunto. E que o governo pretende negociar os termos das medidas provisórias que restringem o acesso a esses e outros direitos. Possa ser que no encontro seja anunciado um recuo em relação ao seguro-desemprego.

Também fez questão de repetir a linha defendida pelo discurso da presidenta Dilma na última terça-feira (27/1) – que disse não ter traído seu discurso de campanha – e reafirmou que não haverá perdas para os trabalhadores e, sim, ajustes “para que possamos chegar em 2016 mantendo os programas em andamento e com mais emprego e renda distribuídos, com maior qualificação para as pessoas”.

Enfatizou que o governo não desviou seus objetivos construídos ao longo dos últimos 12 anos e reiterados na campanha eleitoral. “Não há nenhuma alteração dos nossos compromissos sociais. O que acontece é que, para que possamos continuar com essa agenda de desenvolvimento, é necessário fazermos alguns ajustes. Estamos, sim, preservando direitos importantes para os trabalhadores, ao manter ações que atendem a milhões de brasileiros.”

Questionado a respeito de medias anticíclicas que poderiam ter sido adotadas para enfrentar efeitos da crise global, em vez do receituário de aperto que degrada as condições sociais na Europa, o ministro argumentou que o atual governo tem um limite fiscal. “Abrimos mão de receitas, ampliamos gastos, toda a política de juros foi feita até agora no sentido de serem preservados direitos importantes para os brasileiros e não vamos desviar deste rumo”, disse, ressaltando que os impactos das medidas recém-anunciadas são bem menores do que o de ajustes fiscais adotados por países em crise, como a Grécia.

FONTE: NCST